sábado, 18 de março de 2017

Lavourão, um patrimônio adormecido, no coração da cidade

(Texto de André Correia)

Dia 10 de março de 2017, estive no Centro Cultural Joaquim Lavoura para o Show de comédia em pé do grupo “Descontrarindo”. A entrada, um quilo de alimento, foi doada para o Abrigo Cristo Redentor. A mesa de doações ficou farta, ressaltando quem levou até leite em pó para os idosos.
A Secretaria de Cultura, com toda sua equipe, imprimia um abraço largo aos convidados. O brilho das centenas de sorrisos flamejam de alegria o velho prédio cultural. Os meninos da comédia fizeram um evento à altura da ilustre plateia: artistas, músicos, secretários, patrocinadores e gente comum de verdade. É a arte de construir movimentos humanos com uma dose de pouco recursos e uma pitada de quase nada. A Dedicação foi a palavra-chave para aquela noite. Alegria foi o sobrenome da festa.
O Centro Cultural foi inaugurado em 22 de setembro de 1988, no governo Hairson Monteiro. Nessa época, CULTURA era apenas um departamento da Secretaria de Educação. Previsto para ter 6 andares, o prédio parou no 4º por falta de verba.
Era o que havia de melhor em construção. Revestido em mármore e com acesso para cadeirantes, o orçamento de 500 mil dólares não foi suficiente para dar conta da obra. Uma revolução em termos de “Aparelho Cultural”.
Foi pensado como um espaço para abrigar setores administrativos de uma vertente que crescia em importância e que, em breve, se tornaria uma Secretaria. A cultura apontava para ser a principal ferramenta da Secretaria de Educação até construir seu espaço independente e convergente.
O plano não foi pra frente. A Secretaria de Cultura tornou se uma realidade apenas no ano de 2001, graças à força dos movimentos sociais que reverberavam o “fazejamento” cultural daquela década.

Plateia, artistas e equipe da Secretaria de Cultura no Centro Cultural Joaquim Lavoura
(Plateia, artistas e equipe da Secretaria de Cultura no Centro Cultural Joaquim Lavoura)












            Consolidando o Lavourão como um dos polos de cultura da cidade

Hoje, em estado de calamidade declarado, o governo municipal promoveu o achatamento do setor em nome da crise. É preciso corrigir o curso da história, pois o Centro Cultural Joaquim Lavoura nunca desempenhou o papel para o qual foi destinado. Esprimida em apenas um dos andares do prédio, a Secretaria de Cultura e a FASG depende exclusivamente da criatividade e da profissionalização dos gestores. Não possuem concursados ou política pública de médio e longo prazo.
Atendendo a lógica da promoção, o espaço deve atender a demanda do setor cultural que não diminuiu após o achatamento promovido pelo Governo Nancy. O gerenciamento do prédio precisa atender a demanda da Sociedade Civil : Projetos, eventos, cursos, profissionalização, aulas e administração. Um espaço de vivência e conexão com a importância da cultura no processo de formação da cidade e do ser humano. E se mover ao contrário carecemos entender os motivos.

Sobre o autor:
André Correia é professor, historiador e criador do Projeto Cultural Alternativo, criado na Faculdade de Formação de Professores da UERJ. O grupo foi criado para promover o saber e difundir a cultura gonçalense na universidade. O projeto deixou a Sociedade Acadêmica e ampliou o arco de atuação na Sociedade Civil, organizando-se em duas vertentes voluntárias: GT Bem Estar, com ênfase na Proteção aos Animais e o GT Cultural, com ênfase no Patrimônio, na História e na Memória regional. O professor André atua na internet e mídia escrita.
(Texto postado, originalmente, na página Sim São Gonçalo)

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